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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Religiao Espírita
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religião umbanda

Há de se entender, antes de qualquer explicação, que a UMBANDA é uma religião, ou seja, é composta de elementos Divinos (Orixás e Guias); Doutrinários (linhas de atuação, reencarnação, lei do karma, atuação e direcionamento dos médiuns, assistenciados e guias, ...; Princípios (amor, caridade, respeito ao próximo, fé, ...); Rituais (abertura e encerramento das sessões, pontos cantados, feituras, ....); Místicos ( a forma de atuação dos Orixás e Guias); Divinatórios ( jogo de búzios, ... ) Humanos ( seus médiuns, Babás, Babalorixas, Sacerdotes, ...).

Cabe salientar que esses elementos são variáveis e podem ser vistos com mais ou menos intensidade de acordo com a linha doutrinária da casa ( Linhas doutrinárias ou Escolas Doutrinárias ). Como são muitas as ramificações e suas formas, isso torna difícil agrupá-las em suas peculiariedades, ritos, doutrina, fundamentos, filosofia, práticas. Pretendemos olhar de maneira geral os elementos mais comuns a cada ramificação dentro do possível.

A UMBANDA é uma religião de cunho espiritualista (contato e/ou interferência de espíritos, manipulações magísticas, práticas de cura através dos espíritos e/ou ervas/poções/conjuros, utilização de elementos ou instrumentos místicos)/mediúnica (instrumento pelo qual a prática religiosa se faz presente, especificamente, a incorporação) que agrega elementos de bases africanas (culto aos Orixás e ao espírito dos antepassados: Pretos-Velhos), indígenas (Caboclos), que recebeu influência oriental (indiana, inerente à reencarnação, o kharma e o dharma), e adquiriu elementos do cristianismo (judaísmo) como a caridade, o auxilio ao próximo e outros ditos por Jesus Cristo que no sincretismo religioso (associação dos Santos Católicos aos Orixás africanos) consideramos como o Orixá Oxalá.

Origem;

Os Fundamentos;

O Culto Umbandista;

Os Médiuns;

Enquetes (resultados e votação) ;



Origem:

Existem algumas versões para a origem da Umbanda.

Tentaremos mostrar uma face dessa origem, salientando que não importa as formas variáveis da origem, e sim, como ela atua e o que têm em comum: sua essência.

O início do movimento Umbandista se coloca entre a primeira e a segunda metade do século XIX, junto ao candomblé.

Os negros nas senzalas cantavam e dançavam em louvor aos Orixás, embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os Santos católicos. Em meio a essas comemorações eles começaram a incorporar espíritos ditos Pretos-Velhos (reconhecidos como espíritos de ancestrais, sejam de antigos Babalaôs, Babalorixás, Yalorixás e antigos "Pais e Mães de senzala": escravos mais velhos que sobreviveram à senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religião da distante África) que iniciaram a ajuda espiritual e o alívio do sofrimento material, àqueles que estavam no cativeiro.

Embora houvesse uma certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os espíritos incorporados dos Pretos-Velhos como Eguns (espírito de pessoas que já morreram e não são cultuados no candomblé), também houve admiração e devoção.

Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenário e posteriormente a Lei Áurea, começou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.

Em alguns Candomblés também começaram a incorporar Caboclos (índios das terras brasileiras como Pajés e Caciques) que foram elevados à categoria de ancestral e passaram a ser louvados. O exemplo disso são os ditos "Candomblés de Caboclo". Muito comuns no norte e nordeste do Brasil até hoje.

No início do sec. XX surgiram as Macumbas no sudeste do Brasil, mas precisamente no Rio de Janeiro (sendo que também existiam em São Paulo) que mesclavam ritos Africanos, um sincretismo Afro-católico e outros mistos magísticos e influências espíritas (kardecistas). Isso era feito isoladamente, por indivíduos e seus guias, ou em grupamentos liderados pelo Umbanda ou embanda que era o chefe de ritual.

De certa forma, com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que não se enquadrava no catolicismo, protestantismo, judaísmo ou no espiritismo, era considerado macumba. Virou um termo pejorativo e as pessoas que a praticavam, o que podemos rotular como uma "Umbanda rudimentar", não estavam muito interessadas ou preocupadas em dar-lhe um nome. Porém, o termo Umbanda já era utilizado dentro de uma forma de culto ainda meio dispersa e sem uma organização precisa como vemos hoje.

A mais antiga referência literária e denotativa ao termo Umbanda é de Heli Chaterlain, Contos Populares de Angola, de 1889. Lá aparece a referência à palavra Umbanda.

UMBANDA: Banto - Kimbundo = arte de curar.

Segundo Heli Chatelain, tem diversas acepções correlatas na África (ref.: Cultura Bantu):
1 - A faculdade, ciência, arte, profissão, negócio:
1a) de curar com medicina natural (remédios) ou sobrenatural (encantos);
1b) de adivinhar o desconhecido pela consulta à sombra dos mortos ou dos gênios, espíritos que não são humanos nem divinos;
1c) de induzir esses espíritos humanos que não são humanos a influenciar os homens e a natureza para o bem ou para o mal;

Com o passar do tempo a Umbanda foi se individualizando e se modificando em relação ao candomblé, ao Catolicismo e ao Espiritismo. Através dos Pretos-Velhos e Caboclos, que guiaram seus "cavalos" (médiuns), a Umbanda foi adquirindo forma e conteúdo próprios e característicos (identidade cultural e religiosa) e que a difencia daquela "Umbanda rudimentar" ou Macumba.

A incorporação de guias de Umbanda também ocorreu em outras religiões além do Candomblé, como foi no caso do espiritismo. Em 1908, na federação espírita, em Niterói, um jovem de 17 anos, Zélio Fernandino de Moraes, foi convidado a participar da Mesa Espírita. Ao serem iniciados os trabalhos, manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina).

As entidades deram seus nomes como Caboclo das Sete encruzilhadas e Pai Antônio. No dia seguinte, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda espírita Nossa Senhora da Piedade.

Zélio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" (voltado à caridade, assistencial, sem cobrança e sem fazer o mal e priorisando o bem), uma forma "básica de culto" (muito simples), mas aberta à junção das formas já existentes (ao próprio Candomblé nos cultos Nagôs e Bantos, que deram origem às Umbandas mais africanas - Umbanda Omoloko, Umbanda de pretos-velhos-; ou aquelas formas mais vinculadas ao espiritismo - Umbanda Branca-; ou aquelas formas oriundas da Pajelança do índio brasileiro - Umbanda de Caboclo -; ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Gérard Anaclet Vincent Encausse -, esoterismo teosófico de Madame Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre - Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, entre outras) que foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificações da Umbanda com suas próprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e características próprias dentro ou inerentes à prática de seus fundamentos.

Hoje temos várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.

Alguns exemplos dessas ramificações são:

· "Umbanda tradicional" - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes";

· "Umbanda Popular" - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo - Santos Católicos associados aos Orixas Africanos";

· "Umbanda Branca e/ou de Mesa" - Com um cunho espírita - "kardecista" - muito expressivo. Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas - "kardecistas - como fonte doutrinária;

· "Umbanda Omolokô" - Trazida da África pelo Tatá Trancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;

· "Umbanda Traçada ou Umbandomblé" - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessoes diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;

· "Umbanda Esotérica" - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis divinas";

· "Umbanda Iniciática" - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sanscrito;

· "Umbanda de Caboclo" - influência do cultura indígina brasileira com seu foco principal nos guias conhecidos como "Caboclos";

· "Umbanda de pretos-velhos" - influência da cultura Africana, onde podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos pretos-velhos;

· Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se diferenciam das outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda não foram classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.



Os Fundamentos:

A Umbanda se fundamenta nos seguintes conceitos:

Um Deus único e superior: Zâmbi, Olorum ou simplesmente Deus..

Em sua benevolência e em sua força emanada através dos Orixás e dos Guias, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e social.

Os Orixás.

Seres do Astral superior que representam a natureza e como esta atua e interage com os seres humanos.

Orixás: Oxalá, Omulu/Abaluaye, Xango, Ogum, Oxosse, Exu, Yemanjá ou Yemonjá, Nanã ou Nanã Boruque, Oxum, Oxumaré, Oba, Iansã, ...

Os Guias.

Espíritos de Luz e plenitude que vêm à Terra para ensinar e ajudar todas as pessoas, encarnadas e desencarnadas.

Guias: Pretos-Velhos, Caboclos, Boiadeiros, Africanos, Baianos, Marinheiros, Crianças, Orientais, Ciganos, Exus e Pomba-giras, ...

Os Espíritos (generalização).

Seres desencarnados que atuam de várias maneiras no mundo em que vivemos: maneiras positivas (são os Guias da Umbanda; os espíritos de Luz do Espiritismo - Kardecismo). Maneira negativa: espíritos maléficos ou perdidos (os Kiumbas - nome dado na Umbanda); obsessores ou espiritos sem Luz (nome dado no Espiritismo).

A Reencarnação.

Ato natural do cliclo de vida (vida - morte - renascimento); aperfeiçoamento do espírito e do proprío homem.

Consite na crença de que várias existências são necessárias para se chegar ao equilíbrio evolutivo e aos diversos planos da espiritualidade.

A origem dessa crença é indiana e penetrou em várias religiões ao longo dos séculos: Religiões Hindus, Budismo, Umbanda, Candomblé, Espiritismo etc

O Kharma.

Lei reencarnatória a qual todos estamos subordinados que dita a forma e os meios pelos quais será dado o retorno a um corpo material afim de resgatarmos nosso erros (de existências passadas) e fazer cumprir boas ações (na existência futura).

O Kharma, por vêzes, ultrapassa as barreiras temporais da materialidade fazendo com que o espírito cumpra sua passagem pela Terra não reencarnando, mas sim, como um Guia (Preto-Velho, Caboclo, etc; no caso da Umbanda). O qual tem como comprometimento, missão ou provação guiar e ajudar os seres humanos e outros espíritos.

Exemplo em termos genéricos do Kharma:

Uma pessoa A que por pura ganância e egoísmo prejudicou a vida de B colocando-a na sarjeta e levando-a a cometer atos espúrios e em conseqüência a morte, sendo que B morreu nutrindo um ódio muito grande por A que a prejudicou.

O Kharma que A poderia ter seria vir (reencarnar) como mãe de B. E B, por sua vez, poderia aceitar um Kharma de vir como filho deficiente de A, para que ambas pudessem cumprir seus Kharmas e evoluir e aprenderem juntas o sentido da solidariedade e do amor.

O Dharma.

De várias modos os Umbandistas, em geral, vêem o Dharma embutido dentro do Kharma e, por vêzes, fazem referências ao Dharma em formas de Kharma e vice-versa. Por isso, eu preferi fazer a referência ao Dharma em separado, mas resaltando que não há o Dharma sem o Kharma, mas que ambos têm seu próprio significado.

Lei de conduta na qual o espírito já encarnado, ou não, tangem sua existência, afim de cumprir seus Kharmas. Quando há a quebra do Dharma ou sua deturpação caímos em novos Kharmas.

Exemplo genêrico do Dharma:

Utilizando o exemplo acima, teríamos como Dharma de A o cuidado materno que ele teria que dar a B como seu filho, o comprometimento e a atenção.

Já o Dharma de B seria o respeito, a atenção e o carinho que ele teria que dar a A como sua mãe.

A Mediunidade.

O Dom dado por Deus às pessoas para que elas possam interagir com os espíritos, como instrumentos de difusão de força divina através da incorporação, da psicografia, da audição, da PES (Percepção Extra Sensorial), e de outras forma no sentido de, humildemente, servir a Deus e ajudando a todos que necessitem de caridade e no encontro da fé.

O Caminho (ele tem relação com o Dharma e com o Kharma).

Os Umbandistas crêem na caridade, no amor e na fé, como os elementos principais na evolução espiritual e material do Homem em seus vários estágios no Ciclo da vida.

A Umbanda não discrimina nenhuma religião, visto que todas, desde que alicersadas pelas mão divinas (e não por interesses econômicos e/ou mesquinhos e materialistas), são válidas na caminhada ao encontro da fé.

Cada pessoa, cada ser humano, deve procurar a Religião que mais o complete; com a qual se identifique nos seus fundamentos, preceitos, doutrina e rituais, ou meramente nos aspectos filosóficos e científicos.

Referências Africanas, Indígenas, Européias e Indianas.

A UMBANDA é uma junção de elementos Africanos (Orixás e culto aos antepassados), Indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Brancos (o europeu que trouxe seus Santos e a doutrina cristã que foram siscretizados pelos Negros Africanos) e de uma doutrina Indiana de reencarnação, Kharma e Dharma, associada a concepção de espírito empregada nas três Raças que se fundiram (Negro, Branco e Índio).

A UMBANDA prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, a natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião.

A máxima dentro da UMBANDA é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".



O CULTO UMBANDISTA

A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização de suas giras, sessões.

O chefe do culto no Centro é o Sacerdote [ a Babá (Sacerdote feminino) ou o Babalaô (Sacerdote masculino) ] que é quem coordena a gira e que irá incorporar o guia de luz que comandará a espiritualidade do local dos trabalhos. Normalmente, esse guia de luz, que comanda é um Preto-Velho ou Caboclo (varia de casa para casa, de linha doutrinária para linha doutrinária).

Os templos onde os "comandantes" são Pretos-Velhos seguem a corrente africana e os que tem o Caboclo como comandante seguem a linha indígena. Mas, isso não é regra e pode variar de templo para templo.

As pessoas que recebem, incorporam entidades dentro dos terreiros, são ditos médiuns, ou cavalos. Pessoas que têm o Dom de incorporar os Orixás e Guias.

As entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser divididas entre:

· Orixás: Xangô, Ogum, Exu, Oxum, Nanã, Iemanjá, Iansã, Obaluayê, Oxumaré, entre outros.

· Guias: Pretos- velhos, Caboclos, Boiadeiros, Crianças, Exus, Marinheiros e Orientais.

· Kiumbas, espíritos sem luz: esses, normalmente, são incorporados quando se está fazendo algum descarrego ou quando existe algum obsediado no local.



As sessões.



O culto nos terreiros é dividido em sessões, normalmente de desenvolvimento e de consulta, e essas, são sub-divididas em giras.

Os dias da semana que acontecem as sessões variam de Centro para Centro. No nosso, elas se dão as segundas-feiras e as sextas-feiras.

Nas segundas, são feitas as sessões de consulta com Pretos-Velhos, onde as pessoas conversam com nossas entidades, afim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, desobsessões e para resolver problemas espirituais diversos. As ocorrências mais comuns nestas sessões são o "passe" e o "descarrego". No "passe", os Pretos-Velhos, rezam a pessoa energizando-a e retirando toda a parte negativa que nela possa estar. O descarrego, é feito com o auxílio de um médium de descarrego, o qual, irá incorporar o obsessor, ou captar a energia negativa da pessoa. Então, o Preto-Velho faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para a luz ou para um lugar mais adequado no astral inferior; caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode-se pedir a presença de um ou mais Exus para auxiliar o Preto-Velho.

Nas sextas-feiras, ocorrem as giras de Caboclos, Boiadeiros, Orixás, Marinheiros, Pretos-Velhos, Crianças e Exus. Nessas giras são feitos os desenvolvimentos dos médiuns do terreiro. Nelas, são cantados os pontos e tocados os atabaques. As giras de Marinheiros e Exus são festivas, e, além de serem feitos os desenvolvimentos dos médiuns, são realizadas consultas com esses guias. Existem terreiros onde, além dos Pretos-Velhos, Marinheiros e Exus, também os Caboclos e Boiadeiros dão consultas e trabalham com o descarrego e a desobsessão.



OS MÉDIUNS

Médium é toda pessoa com o Dom da incorporação, audição, fala, escrita, visão voltados ao contato com os espíritos e Orixás.

O médium tem como uma de suas missões na vida ser um instrumento nas mãos dos guias e Orixás. Ele deve ter e seguir, em sua vida, os conceitos de caridade, amor e fé, praticados dentro da Umbanda.

Para muitos é dado a entender que o médium sofre.

Ser médium na concepção maior, não é dor e sim provação. Pode-se dizer que a vida de quem é médium 24 horas por dia, 7 dias na semana, realmente não é fácil, mas não chega a ser castigo, como algumas pessoas entendem, e sim, como se pode dar em benefício do próximo, encarnado ou desencarnado.

Mas, existem médiuns que sofrem muito, realmente sofrem muito: por sua própria culpa, porque acham que os guias devem-lhes dar de tudo, ou se envaidecem, ou agem de maneira errada e leviana em suas vidas, ou não levam a sério a vida espiritual, ou por ignorância sentem vergonha da forma como se dá a incorporação e "prendem os Guias". Esses médiuns acabam sendo recriminados pelos seus Guias e Orixás, como alguns dizem: "tomando uma surra".

Existem aqueles médiuns que são como "pára-raios" das forças negativas, basta estar uma pessoa muito carregada no terreiro ou passar por perto de alguém que esteja com alguma demanda ou obsessor para começar a passar mal. Mas esses, com o tempo, vão aprendendo a se controlar com a ajuda dos Guias e acabam resolvendo o problema.

O médium deve tangir sua vida como um mensageiro de Deus, dos Orixás e Guias. Ter um comportamento moral e profissional dígnos, ser honesto e íntegro em suas atitudes. Nos dias de hoje, é difícil ser tudo isso, mas vale a pena e pode ser feito.

As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério suas missões e ter muito amor e dar valor ao que fazem, ter sempre boa vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida do dia a dia.

O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus Orixás e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.

"Deve deixar, na medida do possível, seus problemas materias sempre do lado de fora do terreiro", ou seja, tentar entrar no terreiro com a cabeça mais arejada e limpa, fazendo com que haja uma divisão entre o material e o espiritual, embora eu saiba que deixar os problemas lá fora seja difícil, mas não é impossível.

O médium deve estar sempre atento as obrigações que ele deve fazer, todos os anos, para seu Orixá de cabeça (Orixá que rege sua vida e sua coroa, mente, do médium). Essa obrigação deve ser passada pelo Guia chefe do terreiro ou pela Babá do Centro.

Outra consideração importante com relação a mediunidade, e, ao terreiro, é que o médium deve abster-se de relações sexuais no dia das sessões. Pois isso, além de enfraquecer a energia psíquica, pode levar a falta de concentração e à dispersão no decorrer das sessões.

O sentido da religião espírita

O Espiritismo não é uma religião organizada dentro de uma estrutura clerical. Neste sentido, ele é profundamente diferente das religiões tradicionais. Não tem sacerdotes, nem chefes religiosos. Não tem templos santuosos. Não adota cerimônias de espécie alguma, como batismo, crisma, "casamentos", etc. Não tem rituais, nem velas, nem vestes especiais, nem qualquer simbologia. Não adota ornamentação para cultos, nem gestos de reverência, nem sinais cabalísticos, nem benzimentos, nem talismãs, nem defumadores, nem cânticos cerimoniosos (ladainhas, danças ritualísticas, etc.), nem bebida, nem oferendas, etc.
O culto espírita é feito no próprio coração. É o culto do sentimento puro, do amor ao semelhante, do trabalho constante em favor do próximo. Somente o pensamento equilibrado no bem nos liga a Deus e somente a prática das boas ações nos fazem seus verdadeiros adoradores. Assim, o Espiritismo procura reviver os ensinamentos de Jesus, na sua simplicidade e sinceridade, sem luxo, sem convencionalismos sociais, sem pompas, sem grandezas, pois, como nos recomendou o Mestre de Nazaré, Deus deve ser adorado "em espírito e verdade".
O Espiritismo é o consolador prometido por Jesus.
"Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei ao meu Pai, e el vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não O vê e não O conhece. Mas, quanto a vós, vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará, em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenho dito. "(Jesus) - Evangelho de João, capítulo XIV, versículos 15-17 e 26.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

RELIGIÃO E COSTUMES NO JAPÃO

RELIGIÃO
No Japão, a Constituição garante liberdade de religião para todos, sendo que seu artigo 20 declara que "nenhuma organização religiosa receberá quaisquer privilégios do Estado, nem exercerá qualquer autoridade política. Nenhuma pessoa será forçada a participar de qualquer autoridade política. Nenhuma pessoa será forçada a participar de qualquer ato religioso, celebração, rito ou prática. O Estado e seus orgãos abster-se-ão da educação religiosa e de qualquer outra atividade religiosa".
A religião predominante noJapão hoje em dia é o budismo, que no final de 1985 tinha 92 milhões de seguidores. O cristianismo também está ativo; havia cerca de 1,7 milhão de cristãos no Japão em 1985. Entre as outras religiões, os mulçumanos contam comcerca de 155 mil seguidores, inclusive não-japoneses residindo temporariamente no país.
A religião nativa do Japão é o xintoísmo, que tem suas raízes nas crenças animistas dos japoneses ancestrais. O xintoísmo transformou-se numa religião da comunidade, com santuários locais para as famílias e deuses guardiães locais. Durante muitas gerações, o povo deificou os horóis e líderes de projeção de sua comunidade e cultuou as almas dos ancestrais de sua família.
Em um dado momento, o mito da origem divina da Família Imperial tornou-se um dos dogmas básicas do xintoísmo, e no início do século XIX um movimento xintoísta patriótico ganhou terreno. Após a Restauração Meiji em 1868, e em especial durante a Segunda Guerra Mundial, o xintoísmo foi promovido pelas autoridades como religião estatal. Entretanto, pela Constituição do pós-guerra, o xintoísmo não receve mais menhum estímulo ou privilégio oficial, embora ele ainda desempenhe um importante papel cerimonial em muitos aspectos d vida japonesa.
O xintoísmo existe lado a lado com o budismo, e às vezes o sobrepuja na mento do povo. Hoje em dia, muitos japoneses realizam ritos xintoístas quando casam, e passam por ritos fúnebres budistas quando morrem.
O budismo foi introduzido no Japão através da Índia e da Coréia, por volta da metade do século VI (oficialmente em 538 d.C). Após obter o amparo imperial, o budismo foi propagado pelas autoridades através do país. No início do século IX, o budismo japonês entrou em uma nova era, atraindo, principalmente, a atenção da obreza da corte. No período Kamakura (1192-1338), uma era de muita agitação política e confusão social, surgiram muitas seitas novas do budismo, que ofereciam a esperança de salvação tanto para os guerreiros como para os camponeses. O budismo floresceu não apenas como religião, mas também fez muito para enriquecer as artes e o saber do país.
Durante o período Edo (1603-1868), quando o férreo governo do xogunato gerou uma relativa paz e prosperidade e uma crescente secularização, o budismo perdeu grande parte de sua vitalidade espiritual, junto com o declínio do poder político e social dos mosteiros e templos budistas e da influência geral cultural da religião.
Pertencendo ao budismo Mahayana (o grande veículo) da Ásia oriental, o budismo japonês prega, em geral, a salvação no paraíso para todos, mais do que a perfeição individual, e existe uma forma bem diferente daquela encontrada em grande parte do Sudeste asiático. Todas as mais de cem seitas budistas do Japão de hoje pertencem ou têm suas origens nos principais ramos do budismo, que foram levados ou se desenvolveram no país na antigüidade: Jodo, Jodo Shin, Nichiren, shingon, Tendai e Zen.
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, vários movimentos religiosos novos ganharam força, alguns deles baseados no xintoísmos, outros relacionados com certas seitas do budismo, e outros com uma orientação religiosa mista. Muitos desses movimentos realizam várias atividades sociais e culturais dentro de suas muito unidas comunidades religiosas; alguns também vieram a se engajar em atividades políticas de peso.
O cristianismo foi levado ao Japão pelo missionário jesuíta são Francisco Xavier, em 1549. Ele espalhou-se rapidamente na segunda metade desse século, uma era de guerras e comoção internas, e foi bem-recebido por aqueles que necessitavam de um novo símbolo espiritual, assim como também por aqueles que esperavam obter benefícios comerciais ou nova tecnologia ocidental, em especial as armas de fogo. Entretanto, após a unificação do país por volta do final do século XVI, as autoridades reprimiram todo o potencial de novas mudanças e proibiram o cristianismo, como religião subversiva à ordem estabelecida. O cristianismo continuou banido até a metade do século XIX, quando o Japão reabriu suas portas para o mundo. Entre os cristãos japoneses de hoje, os protestantes (981 mil seguidores) superam em número os católicos (457 mil). Os protestantes comemoraram o centenário da chegada de sua religião ao Japão em 1959.
Os japoneses encaram o confucionismo mais como um código de preceitos morais do que como uma religião. Introduzindo no Japão no começo do século VI, o confucionismo exerceu um grande impacto no pensamento e comportamento do japoneses, mas sua influência diminuiu após a Segunda Guerra Mundial. 


EVENTOS ANUAIS
Climaticamente, o Japão é um país co quatro estações distintas, e muitos eventos anuais estão associados às mudanças da estação. 


Ano Novo
Os japoneses comemoram com grande fervor a passagem de um ano e a chegada do ano novo. O período de momemoração é chamado de shõgatsu, que em seu sentido mais amplo refere-se ao primeiro mês do ano. A primeiro de janeiro, as famílias se reúnem para beber um tipo especial de saquê, o qual acredita-se que garante uma vida longa; tomam um tipo especial de sopa, que contém bolo de arroz glutinoso; e em geral apagam as lebranças amargas que estaram do ano anterior.
As pessoas decoram as entradas de suas casas com ramos de pinheiro e grinaldas de palha, que simbolicamente impedem a entrada de qualquer coisa impura. Também visitam santuários para rezar pela boa sorte no ano vindouro e as casas de parentes e amigos pra trocas saudações de Feliz Ano Novo. Hoje em dia, muitas crianças passam os feriados absorvidas em jogos de computador, mas ainda existe um bom número que, desfruta os divertimentos tradicionais do Ano Novo como o jogo de raquete, o pião, soltar pipa e o sugoroku, a versão japonesa do gamão. As comemorações do Ano Novo são o maior evento do calendário no Japão, e todas as empresas e repartições do governo ficam fechadas durante os três primeiros dias do ano. 


Setsubun
No passado, a palavra setsubun referia-se a qualquer das várias mudanças de estação do velho calendário, mas hoje em dia ela faz alusão específica a 3 ou 4 de fevereiro, o começo tradicional da primavera. No velho calendário, o primeiro dia da primavera assinalava o início do Ano Novo, e o dia anterior, ou setsubun, representava o dia final do velho ano. A maneira tradicional de se comemorar esse dia é espalhando feijões pela casa para repelir os maus espíritos. 


Festa das Bonecas
A Festa das Bonecas, ou hina matsuri, ocorrre a 3 de março, quando as famílias que têm meninas fazem uma exposição de bonecas, que representam a antiga corte imperial, e comemoram bebendo um tipo especial de saquê branco e adocicado. 


Dia das Crianças
O quinto dia do quinto mês tem sido comemorado na China e no Japão desde a antiqüidade. Em 1948, o dia 5 de maio foi transformado em feriado nacional no Japão. Embora ele seja chamado de Dia das Crianças, é na verdade dedicado, apenas aos garotos. As famílias que têm meninos penduram do lado de fora das casas flâmulas que representam carpas como símbolos de força, fezem exposições de bonecos do samurai e armaduras do lado de dentro, e comemoram comendo bolos especiais de arroz. 


Festival Tanabata
Comemorado a 7 de julho, ou a 7 de agosto em alguns lugares, o Festival tanabata tem suas origens na lenda folclórica chinesa sobre o ramântico encontro de duas estrelas que ocorre uma vez ao ano: a estrela Vaqueiro(Altair) e a estrela Tecelã(Vega). Nesse dia de festa, o povo escreve seus desejos em tiras de papel colorido, que são armarradas em ramos de bambu. 


Festival Bon
O Festival Bon ocorre tradicionalmente durante vários dias por volta de 15 de julho no calendário lunar, quando se acredita que as almas do mortos retornam a seus lares. Esses dias ficam com mais freqüencia em torno do 15 de agosto. Muitas pessoas viajam de volta as suas cidades natais nessa época do ano, a fim de visitar os túmulos de parentes. Durante esse festejo, as pessoas instalam lanternas para guiar as almas na ida e volta as suas casas, oferecem comida para os mortos e se divertem com um tipo especial de dança chamada bon odori. Muitas vezes as lanternas descem os rios flutuando.
Também é uma tradição budista as pessoas reverenciarem os túmulos de seus parentes durante o equinócio da primavera, por volta de 21 de março e no equinócio do outono, em torno de 23 de setembro.


FESTIVAIS LOCAIS
O Japão tem uma longa tradição de fazer festivais para convidar e recever os deuses, para banquetear-se e comungar com ele. Muitos desse eventos, como o Festival Gion em Kyoto e o Festival Okunchi em Nagasaki, realizam desfiles coloridos com suntuosos carros alegóricos e outros adornos. Muitas vezes os bairros comerciais competem entre si durante esse festejos, com a apresentação de espetáculos suntuosos. 


Festivais Agrícolas
Desde o período Yayoi (de cerca de 300 a.C a 300 d.C), a agricultura em terra alagadas formou a base para a produção de alimentos no Japão, e muitas festividades estão relacionadas com a produção agrícola, em especial o cultivo de arroz.
Os ritos xintoístas do Ano Novo era originalmente festivais nos quais as pessoas rezavam por uma colheita abundante no ano seguinte, e os festivais do plantio de arroz e outros dos arrozais em terra alagada que ainda são realizados no Japão também envolvem orações por uma boa colheita. Meninas vestidas com quimono, com as mangas amarradas às costas com faixas vermelhas , plantam o arroz, enquanto, ao lado, músicos tocam tambores, flautas e sinos. A dança tradicionalmente relacionada com esses festejos evoluiu aos poucos até tornar-se parte do teatro nô.
No outono são realizados os festivais da colheita e os primeiros frutos dos arrozais são oferecidos aos deuses. Nas aldeias rurais, toda a comunidade comemora o festival do outono, e em muitos lugares carros alegóricos carregando deuses simbólicos desfilam pelas ruas. No Palácio Imperial o imperador desempenha o papel de presentear os deuses com oferendas de novos grãos e frutos. 


Festivais de Verão
Enquanto são feitos muitos festivais de primavera para rezar por uma boa sefra e festivais de outono para dar graças pela colheita, muitos festivais de verão têm o objetivo de repelir as doenças. Dos três festivais mais importantes do Japão - o Festival Gion em Kyoto, o Festival Tenjin em Osaka e o Festival Kanda em Tóquio - , tanto o Gion como o Tenjin são festejos desse tipo.
O Festival Gion de 17 de julho, famoso pelos 32 carros alegóricos que desfilam pelas ruas,era, em suas origens, o festival de um culto espiritual, que teve inúmeros seguidores desde o período Heian (794-1192) até a Idade Média. Os seguidores desse cutlo acreditavam que as desgraças e epidemias era causadas pelos espíritos de pessoas poderosas, que tinham morrido deixando rancores. As epidemias ocorriam, com freqüencia, no verão, de modo que a maioria dos festivais de verão visava aplacar os espíritos que causavam essas epidemias.
No Festival Tenjin, que também tem sua origem em um culto espiritual, um grande número de carros alegóricos com tambores e bonecos segue barcos que carregam alegorias coloridas e descem os rios de Osaka. 


Outros Festivais Importantes
Um dos maiores festivais de verão do Japão e que todos os anos atrai muitos turistas é o Festival Nebuta, que é realizado no início de agosto em Aomori e em outros lugares do nordeste japonês. Ele se caracteriza por desfiles noturnos com imensos carros alegóricos de papel iluminados por dentro e que representam personalidades populares do passado e do presente. Dizem que a festa tem suas origens em um ritual que se acreditava que espantava a preguiça, já que se supõe que a palavra nebuta derive da palavra japonesa que significa sonolência.
O Festival Okunchi, que é realizado em outubro, em Nagasaki, é um festival de colheita famoso por sua dança do dragão, que originou-se na China. Nele desfilam pela cidade carros alegóricos que representam os navios mercantes do período Edo, baleias esguichando água e outros símbolos. 


Feriados Nacionais
Primeiro de janeiroDia do Ano Novo
15 de janeiroDia da Maioridade
11 fevereiroComemoração da Fundação do País
Em torno de 21 de marçoDia do Equinócio da Primavera
29 de abrilDia da Verdura
3 de maioDia da Constituição
Primeiro de janeiroDia do Ano Novo
5 de maioDia da Criança
15 de setembroDia do Respeito aos Idosos
Por volta de 23 de setembroDia do Equinócio do Outono
10 de outubroDia da Saúde e Esportes
3 de novembroDia da Cultura
23 de novembroDia da Ação de Graças pelo Trabalho
23 de dezembroAniversário do Imperador

A RELIGIÃO EVANGÉLICA PERANTE O PÚBLICO

A RELIGIÃO EVANGÉLICA
PERANTE O PÚBLICO
Numa época em que as questões religiosas e filosóficas preocupam os espíritos, julgamos fazer uma boa obra pondo, ante o respeitável público, este nosso humilde trabalho.
Além disto, acresce que a Religião Evangélica tem sido alvo das mais grosseiras acusações. Pessoas há que confundem o Protestantismo com o Materialismo; outras que crêem que a Religião Protestante consiste em blasfemar de Cristo, em falar contra a Virgem Maria e os Santos, havendo até quem julguem ser os Evangélicos fisicamente diferentes dos outros homens!
Estas ideias e outras semelhantes, impróprias até de séculos remotos, são entretidas por pessoas de crassa ignorância, e engendradas por certos indivíduos de má fé.
O nosso fim é prevenir os incautos e os de boa consciência contra essas insinuações perversas, que correm por aí dando-lhes, em breves frases e concisas sentenças, a fé das Igrejas Evangélicas.
Sobre a Santíssima Trindade
Nós, os Crentes Evangélicos, cremos em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e que estas três Pessoas são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória.
Sobre a Salvação
Cremos que Jesus Cristo, o Eterno Filho de Deus, Se fez homem no seio da Virgem Maria, por obra e graça do Espírito Santo, para padecer e morrer pelos nossos pecados; cremos, como diz S. Pedro (Act. 4:12), que não há salvação em nenhum outro, além de Jesus, e que a salvação, obtida por Cristo, é oferecida de graça, a todos, e pela fé (Ef. 2:4-9).
Da Fé e das Obras
A fé em Cristo (que é uma graça salvadora pela qual O recebemos e confiamos só n’Ele para a salvação) é um princípio vivo e activo da alma, que obra pelo amor, purifica o coração e estimula a uma obediência permanente.
As boas obras, que, nos escritos de S. Paulo (Ef. 2:10), constituem o caminho preparado por Deus para os remidos andarem n’Ele, são os frutos da fé em Cristo. E como a sombra acompanha o corpo, assim as obras seguem a fé em Jesus. Aquele que crê em Cristo, e não faz boas obras, não possui fé, e está fora do caminho da Salvação.
Sobre o Céu e o Inferno
Cremos em um Céu para o qual sobem, na hora da morte, as almas dos crentes, e um Inferno, no qual são lançados todos os ímpios.
Sobre a purificação dos pecados
Nós, Evangélicos, cremos, como nos ensina S. João, que no sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo, temos a purificação de todos os nossos pecados.
Sobre a ressurreição da carne e o juízo final
Cremos na ressurreição da carne e no dia de juízo, no qual Jesus Cristo, com os anjos do Seu Poder, descerá do Céu para julgar os vivos e os mortos.
Sobre a Igreja
Cremos em uma Igreja católica (isto é, universal) e apostólica, mas não romana, a qual se compõe de todos os crentes espalhados por toda a Terra, e identificados em Jesus Cristo, pela fé.
Sobre o Chefe da Igreja
Não conhecemos outro Chefe, Cabeça e Mestre, além do Senhor Jesus Cristo, a Pedra sobre a qual está identificada a Igreja Cristã, e contra a qual as portas do Inferno jamais hão-de prevalecer.
Do culto
Adoramos o Pai, o Filho e o Espírito Santo em espírito e verdade, segundo estas palavras do Redentor: “Deus é Espírito e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade.” (João 4:24).
Sobre o Intercessor
Só conhecemos e reconhecemos, como nosso Mediador, Advogado e Intercessor, a Jesus Cristo, que se acha exaltado à Dextra de Seu Pai, intercedendo pelo Seu povo, como o atesta o apóstolo Paulo.
Sobre a Virgem Maria
Cremos que Jesus Cristo nasceu da Virgem, por obra e graça do Espírito Santo. Nós a contamos entre as pessoas que têm pertencido à nossa religião, pois a sua fé é a nossa, o seu Senhor, a Quem a sua alma engrandeceu, e o Deus e Salvador, em Quem o seu espírito se alegrou, é o nosso Deus e Salvador. Cremos que a Virgem Maria se acha na Glória, e em tudo nos comportamos para com ela como se conduziram os Apóstolos e as santas mulheres mencionadas no Novo Testamento.
Dos Santos
Nós cremos em todos os santos das Escrituras Sagradas, e que estão no Céu, lemos todos os dias os escritos dos profetas, dos apóstolos e dos evangelistas, e esforçamo-nos por andar no mesmo caminho pelo qual todos chegaram à Glória, e esse caminho é Jesus Cristo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim.” (João 14:6).
Das Escrituras Sagradas
Cremos que as Escrituras Sagradas, do Velho e do Novo Testamento, são a Palavra de Deus, a nossa única regra de fé e de moral, e que todos têm o direito de possuí-las e o dever de examiná-las.
Sobre os sacramentos
Cremos nos sacramentos que Jesus instituiu, os quais são dois: o Baptismo e a Sagrada Comunhão. O Baptismo é com a água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Sagrada Comunhão ou Ceia do Senhor é com o pão e o vinho, pronunciando-se ao mesmo tempo as palavras de Jesus como se acham no Evangelho de S. Lucas 22:17-20.
Do impedimento
Cremos ser só impedimento aquilo que Deus proíbe na Sua Palavra, e que tal impedimento não pode comprar ou anular por dinheiro algum.
Sobre o casamento dos pastores
A esse respeito a nossa doutrina é a seguinte: Todo o bispo, ministro ou presbítero que quiser viver irrepreensivelmente solteiro, pode; mas, todo aquele que, em qualquer tempo, quiser tomar estado, pode e deve casar-se segundo as leis divinas e o exemplo da Igreja do Velho e do Novo Testamento.
Sobre os dias de guarda
Guardamos o domingo como o único dia santo do Cristianismo. Guardamo-lo, não praticando obra alguma, e santificando-o, lendo as Escrituras Sagradas, assistindo ao culto divino nas nossas Igrejas, orando, fazendo bem ao nosso semelhante, e cantando louvores a Deus do fundo do coração.
Da confissão
Nas igrejas evangélicas há duas espécies de confissão; uma consiste em pedirmos perdão a quem temos ofendido; a outra em confessarmos todos os nossos pecados a Deus.
Por que protestamos contra outro mediador e intercessor além de Cristo
Não cremos em outro mediador a não ser Cristo, porque S. Paulo declara que, entre Deus e os homens, só há um mediador, que é Jesus Cristo (I Tim. 2:5). Nós não recorremos a outro advogado, além de Jesus, porque S. João diz-nos que “se pecarmos, temos por advogado, para com o Pai, Jesus Cristo” (I João 2:1).
Não temos no Céu outro que ore por nós, excepto Jesus, porque Ele é o único que a Bíblia nos apresenta como vivendo para interceder por nós (Heb. 7:25). Não rogamos nada em outro nome, senão no de Jesus, porque esse é o único nome no qual, tudo o que pedirmos receberemos (João 14:13). Não só chegamos a Deus mediante o Seu amado Filho, porque Jesus nos assevera que ninguém pode ir ao Pai sem ser por Ele (João 14:6).
Por que protestamos contra o Purgatório
A doutrina do Purgatório é diametralmente oposta ao que se diz na Epístola aos Hebreus 1:3; ao facto narrado no Apocalipse 7:14; à voz do Céu que S. João ouviu (Ap. 14:13); e a inúmeras outras passagens das Escrituras Sagradas, sobressaindo esta: O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado (I João 1:17). Nosso Senhor fala de dois caminhos, um dos quais conduz ao inferno (Mat. 7:13,14), mas nunca nos falou de um caminho para o Purgatório.
No texto bíblico do rico e de Lázaro, e no facto eloquente do ladrão na cruz, O Filho de Deus declara, alto e bom som, não haver lugar intermediário entre o Céu e o Inferno (Luc 16:19-26; 23:42,43). Examine-se também Is. 53:4,5; I Ped. 2:24; João 14:4; Ap. 1:5,6. Protestamos, consequentemente, contra o Purgatório, porque a sua doutrina desvirtua pela base a obediência, paixão e morte de Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador.
Por que protestamos contra as imagens e o seu culto
No segundo mandamento da Sua Lei, Deus proíbe terminantemente o fabrico de imagens, ou figuras, de tudo o que há em cima no Céu, do que há em baixo na terra, e nas águas debaixo da terra, para prestar-lhes culto. (Êx. 20:4-6). Que Deus, no Decálogo, condena as imagens e o seu culto, salta aos olhos; e a mesma Igreja Romana tanto o reconhece que, nos seus catecismos, modificou os Dez Mandamentos, para encher seus templos de imagens de homens e de mulheres! (Presentemente as autoridades católicas procuram, dentro do possível, eliminar a maioria das imagens.) “Guardai, pois, com diligência as vossas almas”, declara a Bíblia; pois semelhança nenhuma vistes no dia em que o Senhor vosso Deus em Horeb falou convosco no meio do fogo; para que não vos corrompeis, e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou fêmea, (Deut. 4:16). Veja-se também Jer. 10:14,15; Is. 44:1-20; Sal. 115:1-8; Act. 17:29).
Os membros santos que, por palavras, condenam as imagens e o seu culto, protestam também por factos contra semelhante uso (Act. 10:25,26; e, demais, não precisamos das obras dos homens par nos lembrarmos das obras de Deus, pois o Criador tem-nos cercado das Suas maravilhosas obras, que, mais eloquentemente do que todas as imagens feitas pelos pecadores, nos falam da Sua sabedoria, poder e bondade (Sal. 19:1-7; Rom. 1:19,20).
Por que protestamos contra o celibato
“Convém, pois”, diz Deus nas Escrituras Sagradas, “que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher” (I Tim. 3:2).
“Os diáconos”, lê-se também na Palavra de Deus, “sejam maridos de uma mulher, e governem bem os seus filhos e as suas próprias casas” (I Tim. 3:12). Protestamos, pois, contra o celibato, por ser uma instituição contrária às Sagradas Escrituras (I Tim. 4:1-3).
Por que protestamos contra o papado
S. Paulo, comparando a Igreja espiritualmente a um Corpo e uma Esposa, da qual Cristo é a Cabeça e o Esposo, mostra-nos ter a Igreja de Roma duas cabeças: uma visível e outra invisível (Ef. 1:22,23; 5:23). Com efeito, assim como toda a esposa fiel não tem dois maridos, um manifesto e outro oculto, porém um só, assim também a Igreja cristã não reconhece outro Esposo além de Jesus Cristo, o Espírito Santo, assemelhando outrossim a Igreja a um corpo, ensina-nos que, como num corpo há apenas uma cabeça, da mesma forma a Igreja de Deus (que não é um monstro para ter duas cabeças, uma visível e outra invisível) só possui uma cabeça que é Jesus.
S. Paulo não só atesta que o fundamento colocado é Jesus Cristo, mas também que não se pode pôr outro.
Ninguém (diz ele) pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo (I Cor. 3:11). Os defensores do Papado citam S. Mateus 16:18; o próprio S. Pedro, todavia, declara que a pedra é Cristo (Act. 4:17), e, na sua Epístola, como se tivesse ouvindo a doutrina romana, previne-nos contra ela, exortando-nos a edificar, não sobre ele, mas sobre Jesus, que é a pedra viva lançada em Sião (I Ped. 2:4,6).
O Senhor condena a primazia entre Seu apóstolos, e declara-os todos iguais (Mat. 19:28; 23:8; Mar. 10:42-45; Luc. 22:24-26). Os apóstolos, e os cristãos do seu tempo, nem por sonhos suspeitaram de que Pedro fosse a pedra ou o chefe da Igreja, e S. Pedro, com os outros presbíteros, nunca se chamou Papa ou Sumo Pontífice (Act. 8:14; 23:11; Gál. 2:11; Ap. 21:14; Ef. 2:20; I Ped. 1:1; 5:1-3). As Sagradas Escrituras só nos falam de um Pontífice, que não está em Roma, mas nos Céus, o qual não é o Papa, mas Cristo (Heb. 4:14-16). O Papado, por conseguinte, não é de instituição divina. Perante as Escrituras Sagradas e a consciência de todo o cristão, o Papa ocupa um lugar que pertence exclusivamente ao Senhor Jesus Cristo!
Por que protestamos contra o negar-se o vinho ao povo na comunhão
“E tomando (Jesus) o cálice, e dando graças deu-lho dizendo: Bebei dele todos” (Mat. 26:27). “E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele” (Mar. 14:23). Não modificou, pois, a Igreja Romana, o sacramento da Comunhão, negando o cálice ao povo? (I Cor. 11:23-29). Jesus Cristo, sem dúvida, tinha os olhos postos nessa modificação quando instituiu a Eucaristia; porque, quando deu o pão, não disse “Comei todos dele”, como disse quando deu o cálice.
Por que protestamos contra a confissão auricular
O nosso Divino redentor, na oração que nos deixou, chamada Pai Nosso, condenou a confissão auricular, ensinando-nos a pedir perdão a Deus. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Mat. 6:12). Se, dirigindo-Lhe com fé e arrependimento essa petição, Deus nos perdoa, como Jesus garante (Mat. 6:14), não precisamos então de aviltar-nos aos pés de um pecador para lhe implorar o perdão que só Deus pode conceder, e está pronto a dar-nos, com a mesma satisfação com que nos dá o pão nosso de cada dia.
Nosso Senhor também condena a confissão ao sacerdote, na seguinte passagem da parábola do Filho Pródigo: “Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai” (e não ao sacerdote), e dir-lhe-ei: Pai (e não sacerdote), pequei” (Luc. 15:18). Foi a Deus que se confessaram Abel, Enoch, Noé, Abraão, Josué, Elias, Isaías, Jeremias e Daniel: confessei-te (a ti, Deus) o meu pecado, diz um dos grandes representantes do povo antigo de Deus, o rei David, e a minha alma não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor (e não ao padre) as minhas transgressões e Tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sal. 32:5,6). Não foi aos pés de um sacerdote que a pecadora se ajoelhou, mas aos de Jesus, que, com todo o amor, lhe perdoou os seus muitos epcados (Luc. 7:41-50).
O publicano, que Jesus Cristo citou como um protótipo de contribuição, obteve o perdão dos seus pecados, dizendo simplesmente, a Deus, a oração: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador” (Luc. 18:13). Foi a Deus que Pedro, Paulo e João se confessaram. O ladrão, na cruz, sem jamais se ter confessado a um sacerdote, foi direito para o Céu, obtendo o perdão dos seus pecados, por dirigir a Jesus, com fé, esta curta oração: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no Teu Reino” (Luc. 23:42,43). E quando o povo perguntava aos Apóstolos o que deveria fazer para se salvar, estes, em vez de bradarem como os sacerdotes hodiernos: “Vinde, vinde à confissão”, diziam: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Act. 16:31).
Protestamos contra a confissão auricular por ser uma doutrina estranha à Bíblia, e porque, tendo nós o perdão de Deus, que é nosso Pai, e que tem perdoado a todos os que estão no Céu, está pronto a perdoar-nos com alegria desde que, arrependidos e com fé, nos cheguemos a Ele. Não precisamos da absolvição de homens imperfeitos, os quais não se podem perdoar a si próprios quanto mais aos outros!...
O Credo chamado dos Apóstolos
Os cristãos evangélicos aceitam, de coração, o Credo apostólico, por ele se achar em perfeita harmonia com as doutrinas das Sagradas Escrituras.
“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra. Creio em Jesus Cristo, Seu Único Filho, nosso Senhor, o Qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; Padeceu sob poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades (1); ressurgiu dos mortos, ao terceiro dia; subiu ao Céu, e está assentado à Mão Direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Católica (2); na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém”.
Amigo leitor, nas poucas linhas que acaba de ler, pode ver, em resumo, quais os ensinos que os Protestantes aceitam, e quais os que repelem, e ainda os motivos por que os repelem.
As doutrinas claramente ensinadas nas Sagradas Escrituras, eles as aceitam e nelas crêem com toda a reverência e respeito; aquelas, porém, que foram introduzidas na Igreja pelos homens, eles as rejeitam com toda a energia.
Os evangélicos não são ateus, porque acreditam em Deus e na Santíssima Trindade. Não são incrédulos, porque crêem e aceitam as Escrituras Sagradas, como regra da sua fé, e procuram obedecer a todos os preceitos nelas contidos. Eles só protestam contra aquelas doutrinas que não foram ensinadas por Deus, e que tendem não apenas a desvirtuar o santo Evangelho de Jesus Cristo, como também arruinar as almas.
Eles procuram sempre divulgar a verdade religiosa, e ensiná-la a todos. A prova disto está nos esforços que fazem para propagar o Evangelho entre as nações, a fim de todos terem conhecimento da doutrina pura que o Salvador pregou aos homens. Verdade é que, entre os que se dizem Protestantes, contam-se alguns ateus e incrédulos; também entre os que se dizem Católicos Romanos há os que declaram descrer de tudo; no entanto, passam por Católicos Romanos... A palavra protestante no seu verdadeiro sentido religioso, significa o que protesta contra o erro, por amor à verdade que afirma, o que segue Cristo e O reconhece como Mestre, único Advogado e Salvador dos homens.
Estude o Evangelho, siga a doutrina de Jesus, e o prezado leitor será um verdadeiro cristão e herdeiro da Vida Eterna!
(1) Palavra grega que significa o estado e o lugar dos mortos.

A Maçonaria Realmente é Uma Religião

À medida que o sol aparecia no horizonte nas planícies de Babel, o céu era tingido por uma variedade de cores. O Poderoso Caçador contemplava os primeiros raios de luz que batiam na estrutura colossal. As instruções tinham sido explícitas, os planos tinham sido seguidos nos mínimos detalhes, e agora, a torre imponente que serviria como catalisadora da cultura e tecnologia do passado distante estava praticamente concluída. Não era apenas uma obra construída com pedras. Era muito mais significativa que apenas sua aparência física. Era algo esotericamente espiritual e profundamente religiosa. A religião que representava, os "Antigos Mistérios", continha crenças e doutrinas de uma era anterior; uma época quando os homens e os seres angélicos caídos experimentavam juntos todas as paixões que podiam imaginar. Ninrode aquecia-se com os raios de sol da aurora e era tomado de uma imensa euforia de satisfação pessoal, mas neste mesmo dia o próprio Deus estorvaria seus planos ambiciosos de estabelecer um império mundial.
A construção seria interrompida. Os sonhos de Ninrode seriam feitos em pedaços, mas mesmo com sua morte e posterior desmembramento de seu cadáver, os Mistérios Antigos continuariam a existir. Com a ajuda da viúva e do filho (Semíramis e Tamuz), a Sabedoria Antiga seria cuidadosamente preservada na Religião de Mistério da Babilônia. (1) Quando os seguidores de Ninrode se espalharam pela face da terra, levaram os Antigos Mistérios desde o Egito até a China. Com a passagem do tempo, a Sabedoria Antiga foi guardada pela "elite de pessoas sábias" da Babilônia, da Média e da Pérsia, de Pérgamo e de Roma. Ela encontrou um bom refúgio nas religiões orientais, na Cabala judaica e no gnosticismo ocidental. (2).
Após a virada do terceiro século da nossa era, o poder da Igreja de Roma começou a crescer. No entanto, isso provocou um cisma entre os guardiães dos Mistérios. Quando Constantino adotou o cristianismo, a Igreja Católica Romana recebeu a influência de muitas das doutrinas das Religiões de Mistério da Babilônia. "Isso resultou em algo muito diferente daquilo que Jesus Cristo e seus discípulos ensinaram. Os ensinos da Igreja Romana tornaram-se uma forma sofisticada de filosofia pagã camuflada com os ensinos de um Deus onipotente e transcendente." (3) A Igreja adotou a adoração da mãe e do menino, o batismo de bebês, a confissão a um sacerdote e muitos outros aspectos da Religião de Mistérios da Babilônia. No entanto, a Igreja Católica não adotou os aspectos ocultistas das Religiões de Mistério. Esses aspectos permaneceram com as Escolas de Mistério do Oriente, os Cabalistas, e os Gnósticos até o tempo das Cruzadas. Os aspectos ocultos da Sabedoria Antiga apareceram publicamente em França com a ascensão da Dinastia Merovíngia e as lendas de "Percival e a Busca Pelo Santo Graal". O cisma explodiu e tornou-se um grande conflito quando os Cavaleiros Templários (A Ordem do Templo) retornaram das Cruzadas como os homens mais ricos do mundo.
Os Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião (A Ordem de Sião) tornaram-se a elite cultural que adotou totalmente os aspectos ocultistas dos Antigos Mistérios. Isso os colocou em rota de colisão com a Igreja de Roma e seus aliados. O Priorado de Sião passou a operar às escondidas e tornou-se uma "sociedade secreta" da elite, enquanto os Cavaleiros Templários foram violentamente atacados pelo rei francês Filipe IV, o Belo, e pelo papa Clemente V. Em 13/10/1307, Filipe IV ordenou a prisão de todos os Cavaleiros Templários. No entanto, na noite anterior, um número desconhecido de Cavaleiros partiu da França, com dezoito navios carregados com o lendário tesouro da Ordem. (4). Uma parte desses navios aportou na Escócia e os Templários associaram-se com os Guardas Escoceses, com os Rosa-cruzes, o Colégio Invisível, e a Sociedade Real (todos grupos ocultistas) e juntos formaram o Rito Escocês da Maçonaria. (5). Os maçons têm os Templários como antecessores, bem como guardiães autorizados de seus segredos arcanos. (6). Conseqüentemente, o Rito Escocês é "orientado em forma de magia, enfatizando uma hierarquia social e política, uma ordem divina e um plano cósmico subjacente." (7) Essa é exatamente a essência dos Mistérios Antigos de Ninrode.
Enquanto isto, o poder da Igreja de Roma continuava a crescer. A Igreja Católica e a Maçonaria eram inimigas juradas de morte, e a influência ocultista pública da Maçonaria crescia muito lentamente. No entanto, por volta de 1750, apareceu uma nova geração de cavaleiros místicos. Eram um braço da Maçonaria, e chamavam-se a si mesmos de Jacobinos. (8) O grito jacobino de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" levou ao primeiro grande feito da Maçonaria Iluminista, a Revolução Francesa. Os Jacobinos nomearam um ex-jesuíta rebelde, Adam Weishaupth, de "Grande Patriota". (9) Weishaupth adotou os mistérios antigos e organizou a Ordem dos Iluministas em 1776. Por volta de 1778 infiltrou-se na Maçonaria como um maçom completamente iniciado. Em seguida, induziu a elite européia da Maçonaria européia ao Iluminismo — 600 homens em 1783. (10) No outro lado do Atlântico, maçons místicos estavam sob o cerco dos Iluministas ocultistas. Os Iluministas viam a América como o 13o passo na evolução, e o destino espiritual da América acompanhando a união mundial no espírito da liberdade, igualdade e fraternidade. (11) Por volta de 1789 a Maçonaria mística do Novo Mundo sucumbiu diante da visão ocultista de um mundo do Iluminismo de Weishaupth, o guardião dos Antigos Mistérios de Ninrode.
A Revolução Industrial mudou tudo. Os homens passaram a agir e pensar de uma forma diferente, e o materialismo tornou-se a ordem do dia. Devido a essa influência, o Humanismo Secular surgiu no início do século XX. Os ocultistas e gnósticos do passado eram considerados fanáticos ou lunáticos. Novamente o ocultismo passou a ser algo muito privado. No entanto, muitos desses homens eram muito ricos e poderosos. O Iluminismo estava vivo e bem, embora oculto dos olhos críticos do público geral. Assim, a Maçonaria tornou-se uma organização fraternal e beneficente, por necessidade. Como conseqüência disso, a vasta maioria dos homens que estão nos graus inferiores não tem a menor idéia do propósito da sociedade ou das reais intenções da elite.
A intranqüilidade dos anos 60 e o surgimento da "Cultura das Drogas" moldaram o início de outra reemergência pública do ocultismo. O Movimento de Nova Era dos anos 70 e 80 popularizou muitas crenças ocultistas. Essa nova renascença do ocultismo posicionou a Maçonaria para exercer um papel fundamental no sonho que Ninrode teve há 4400 anos, de um mundo unificado, sob um reino ocultista. Atualmente, a Maçonaria serve como um conduíte entre as organizações políticas da elite global (Clube de Roma, Sociedade Teosófica, Rosa-Cruzes, Lucis Trust, World Goodwill, etc.). Esses grupos reconhecem a posição da Maçonaria como uma organização religiosa ocultista com a capacidade de fazer a ligação entre a religião e a política. (12) Muitos maçons continuam insistindo que a Maçonaria não é uma religião. No entanto, os próprios escritos deles contradizem essas afirmativas. Albert Pike, Grande Comandante do Rito Escocês (1860) escreveu: "Toda loja é um templo de religião e seu ensino instrução em religião." (13).

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Religião dos árabes - História da religião dos árabes

Islamismo 



O islã é uma das mais importantes religiões mundiais (a população muçulmana é estimada em mais de 935 milhões), originária da península da Arábia e baseada nos ensinamentos de Maomé (570-632), chamado o Profeta. Segundo o Alcorão, o Islã é a religião universal e primordial. O muçulmano é um seguidor da revelação divina contida no Alcorão e formulada pelo profeta Maomé. Já que, no Alcorão, muçulmano é o nome dado aos seguidores de Maomé (Alcorão 22,78), os muçulmanos sentem-se ofendidos quando são chamados de maometanos pois isto implica a idéia de um culto pessoal a Maomé, proibido no Islã.
Os muçulmanos consideram a Caaba, ao centro da grande mesquita de Meca, o lugar mais sagrado da Terra. A tradição muçulmana diz que os patriarcas Abraão e Ismael construíram o santuário sobre os primeiros alicerces postos por Adão. Todos os muçulmanos do mundo rezam nesta direção e, todos os que não tiverem um sério impedimento, deverão peregrinar à Meca, pelo menos uma vez na vida. Esta imagem mostra a cerimônia na qual os peregrinos devem beijar a Pedra Negra (Caaba). Os fiéis permanecem neste lugar vários dias, celebrando rituais. 

Doutrina e prática 

As duas fontes fundamentais da doutrina e da prática islâmicas são o Alcorão e a sunna (conduta exemplar do profeta Maomé). Os muçulmanos consideram o Alcorão como a palavra "incriada" de Deus, revelada a Maomé através de Gabriel, o arcanjo da revelação. Os islamitas acreditam que Deus, e não o Profeta, é o autor destas revelações. Por isto, o Alcorão é infalível. 

O Alcorão contém as revelações transmitidas a Maomé durante os quase 22 anos de sua vida profética (610-632). A segunda fonte essencial do islã, a sunna ou exemplo do Profeta, é conhecida através dos Hadith, recompilação de tradições baseadas no que disse ou fez o Profeta. Ao contrário do Alcorão, os Hadith não são considerados infalíveis. 

O monoteísmo é uma matéria central para o Islã: a crença em um Deus (Alá), único e onipotente. Deus desempenha quatro funções fundamentais no Universo e na humanidade: criação, sustentação, orientação e julgamento, que se conclui com o dia do Juízo, no qual a humanidade será reunida e todos os indivíduos serão julgados de acordo com seus atos. Deus, que criou o Universo por absoluta misericórdia, é obrigado também a mantê-lo. A natureza é subordinada aos homens que podem explorá-la e beneficiar-se dela. Todavia, o último objetivo humano consiste em existir para o "serviço de Deus". 

No que se refere à prática islâmica, cinco deveres — conhecidos como os "pilares do Islã"— são fundamentais: 

– profissão da fé ou testemunho; "Não há nada superior a Deus e Maomé é seu enviado". Esta profissão deve ser feita, publicamente, por cada muçulmano pelo menos uma vez na vida. 
– cinco orações diárias. Durante a oração, os muçulmanos olham em direção à Caaba, em Meca (Makka). Antes de cada oração comunitária, é feita uma chamada pública, pelo muezim, a partir do minarete da mesquita. 
– Pagar o zakat (óbolo), instituído por Maomé. 
– jejum no mês de Ramadã. 
– peregrinação à Caaba, em Meca. Todo muçulmano adulto, capacitado fisicamente e dotado de bens suficientes, deve realizá-la pelo menos uma vez na vida. 

Além destas cinco instituições básicas, o Islã impõe a proibição do consumo de álcool e carne de porco. Além da Caaba, os centros mais importantes da vida islâmica são as mesquitas. 

Islã e sociedade 

O conceito islâmico de sociedade é teocrático, sendo que o objetivo de todos os muçulmanos é o "governo de Deus na Terra". A filosofia social islâmica baseia-se na crença de que todas as esferas da vida constituem uma unidade indivisível que deve estar imbuída dos valores islâmicos. Este ideal inspira o Direito islâmico, chamado sharia, que explica os objetivos morais da comunidade. Por isso, na sociedade islâmica, o termo Direito tem um significado mais amplo do que no Ocidente moderno secularizado, pois engloba imperativos morais e legais. 

A base da sociedade islâmica é a comunidade dos fiéis que permanece consolidada no cumprimento dos cinco pilares do islã. Sua missão é "inspirar o bem e proibir o mal" e, deste modo, reformar a Terra. A luta por este objetivo tenta se concretizar através da jihad (guerra santa) que, se for necessário, pode englobar o uso da violência e a utilização de exércitos. A finalidade prescrita pela jihad não é a expansão territorial ou a tomada do poder político, e sim a conversão dos povos ao Islã. 

História do Islã 

Na época de Maomé, a península da Arábia era habitada por beduínos nômades — dedicados à criação de rebanhos e saques —, e pelos árabes que viviam do comércio. A religião dos árabes pré-islâmicos era politeísta e idólatra, embora existisse uma antiga tradição de monoteísmo. Maomé foi precedido por oradores monoteístas, mas com pouco êxito. Pertencente ao clã Haxemita, da tribo beduína Curaichita, Maomé iniciou seu ministério aos 40 anos, quando começou a pregar em Meca, sua cidade natal. Depois de quatro anos, convertera cerca de 40 pessoas. Hostilizado pelos outros habitantes que viam naquele discurso monoteísta uma ameaça aos lucros obtidos com as caravanas que paravam em Meca para reverenciar ídolos locais, Maomé acabou fugindo para Medina, em 622. A partir deste acontecimento, conhecido por Hégira, inicia-se o calendário islâmico. Na ocasião de sua morte, em 632, Maomé já era o dirigente máximo de uma religião que ganhava poder com grande rapidez. 

A primeira escola importante de teologia islâmica, a mutazilita, surgiu graças à tradução das obras filosóficas gregas para o árabe, nos séculos VIII e IX, e ressaltava a razão e a lógica rigorosa. A questão da importância das boas ações continuava, mas a ênfase principal era na absoluta unicidade e justiça de Deus. Os mutazilitas foram os primeiros muçulmanos a adotar os métodos filosóficos gregos para difundir suas idéias. Alguns de seus adversários utilizaram os mesmos métodos e o debate resultou no movimento filosófico islâmico, cujo primeiro representante importante foi al-Kindi (século IX), que tentou conciliar os conceitos da filosofia grega com as verdades reveladas do islã. No século X, o turco al–Farabi foi o primeiro filósofo islâmico a subordinar revelação e lei religiosa à filosofia. Defendia que a verdade filosófica é idêntica em todo o mundo e que as diversas religiões existentes são expressões simbólicas de uma religião universal ideal. No século XI, o filósofo e médico persa muçulmano Avicena (Ibn Sina) conseguiu a mais sistemática integração do racionalismo grego com o pensamento islâmico. Averroés, o filósofo e médico ibero-muçulmano do século XII, defendeu os conceitos aristotélicos e platônicos e converteu-se no filósofo islâmico mais importante da história intelectual do Ocidente. 

A estagnação da cultura islâmica depois da Idade Média resultou em uma renovada insistência no pensamento original (ijtihad) e nos movimentos de reforma religiosa, social e moral. O primeiro deste tipo foi o wahabita, nome dado em homenagem a seu fundador Ibn Abd al-Wahhab, que surgiu na Arábia, no século XVIII, e converteu-se no líder de um grande movimento que se integrava com as ramificações do mundo muçulmano. Outros reformistas islâmicos foram marcados por idéias ocidentais como Mohamed Abduh ou Mohamed Iqbal. Embora as idéias modernas estejam baseadas em interpretações plausíveis do Alcorão, os fundamentalistas islâmicos opuseram-se fortemente a elas, sobretudo a partir de 1930. Não são contra a educação moderna, a ciência e a tecnologia, mas acusam os reformistas de difundirem a moralidade ocidental. Por fim, o ressentimento que os muçulmanos sentem pelo colonialismo ocidental fez com que muitos deles relacionassem às culturas do ocidente tudo que seja sinônimo e representação do mal.